PREPAREM OS OUVIDOS
Chiquinha
Olá, amigos e amigos deste nosso ensolarado e amado Brasil pandeiro. Como manda a inefável tradição televisiva imposta pela vênus platinada ao longo do último decênio, adivinhem qual o programa mais aguardado, comentado amado e odiado que começa a ser transmitido logo após o 5.487˚ Especial Roberto Carlos?
Sim, é chegada mais uma edição do Big Brother Brasil. A de número QUATORZE, creiam me.
De lá pra cá, podemos dizer que originalidade quanto a termos linguísticos não foi o forte do programa. Ao longo de quase uma década e meia, ouvimos repetidamente as badaladas frases típicas que compõe o nada fecundo palavrório dos participantes. Eis, que não resisto e penso num…
GLOSSÁRIO BÁSICO IDIOMÁTICO DO BBB
– O BRASIL TA VENDO: Inclusive, dá nome e está brilhando em destaque no cabeçalho deste blog cobertura. A frase em questão serve pra tudo. Desde o brother (por favor, não interrompa a leitura. Eu mesmo quase que interrompo a escrita pela vergonha de digitar esta palavra para me referir a alguém) que roubou o leite condensado da dispensa, traições e falatórios vis ao cutuco noturno no edredon. A única coisa que o Brasil supostamente não está vendo são os confinados fazendo suas necessidades fisiológicas.
– NAVE MUITO LOUCA: Que nave? E porque nave? Porque não uma NAU? Ou ainda, qualquer veículo. Nave remete propositalmente s seres extraterrenos, dimensões estelares, crateras espaciais, aventura e i'm your father e Viagem Fantástica. Incompreensível agregar tal imaginário ao BBB. De fato, esse termo deve ter sido criado em alguma elucubrarão do Bial frente a cannabis sativa e/ou outros. NA MORAL.
– VALEU BRASIL: Como parte humana que compõe o cerne da população brasileira, particularmente não me sinto parte de tal agradecimento. Valeu porque, ou pra que se eu não estou torcendo, nem votando, nem desejando seu bem nem lhe fazendo qualquer favor. Ou realmente os brothers (ARGF, vou me acostumar) acham que uma eliminação é o final de novela bombástica do João Emanuel Carneiro. E nem se fosse. E os intelectuais? E os anti-teledramaturgia que move as massas. EU NÃO SOU ESSE BRASIL QUE VOTA EM VOCÊ, apenas isso, não me agradeça.
– BRIGADA, DEUS: Pobre Deuz. E de que Deuz estamos falando. Ao menos nosso temido Deuz cristão provavelmente já está ocupado o suficiente com a gravidade de bilhões de seres envolvidos em outras causas e questões deste esplêndido planeta – sem falar no seu rebento cabiludo – Tchau, sem mais. Não quero fomentar nenhum tipo de sisania religiosa ou abrir discussões em torno da fé.
– SOU MUITO AUTÊNTICA: Autodenominar-se autentica é sinônimo de – não penso antes de falar qualquer tipo de merda ou desculpa para – não sou uma grosseira estúpida, apenas tenho personalidade forte. Simples assim.
– ELA É GUERREIRA: Ela tirou leite de pedra, ela teve uma infância difícil no interior do Ceara – onde nem passou pela sua cabeça que no céu tivesse pão – ela cresceu com os pais separados, ela teve que fazer muito nu artístico pra ganhar a vida, ela estuda de dia e trabalha de noite. Ela criou 4 filhos sozinha. Ela carregou uma bola de ferro presa ao tornozelo por uma década. Ela banca o tratamento do irmão com Síndrome de Münchausen. ELA É FORTE NAS PROVAS DE RESISTÊNCIA. Bora emparedar!
– FORA DA CASA: Muito falado. Sempre. Assim como o termo DENTRO DA CASA. Mas pra não cansar a beleza de vocês, leitores, serei sucinta e apresentarei apenas uma justificativa que resume a complexidade intelectual dos participantes: ''Vou votar na gostosa brega. Fora da casa ela tem a chance de faturar indo a eventos e posando pelada. Beijo mãe, te amo''.
– NADA PESSOAL, NÃO TENHO EM QUEM VOTAR: Confesso. Fui uma péssima funcionária e espero que não me descontem em folha após essa declaração. Não assisti o programa ainda. Mas aposto que este foi o argumento padrão da noite que elegeu a trinca de emparedados.
E vocês, são capazes de elencar suas pérolas favoritas?