Terceiro ato
Arnaldo Branco
F. Scott Fitzgerald disse que não existe segundo ato na vida dos americanos. Ele morreu sem conhecer o Brasil, onde não há crime que não possa ser perdoado e onde mesmo o sujeito mais infame pode ter várias chances de recomeçar zerado – aqui tem até terceiro ato pra geral. Quem disse que lá é que é a Terra das Oportunidades?
Veja o caso de Marcelo: o cara se mostrou carente, machista, mimado, covarde, grosseiro e convencido – e vai levar o milhão e meio de reais. De certa forma, ele é a personificação do BBB: um display de maus exemplos, um mostruário dos efeitos deletérios do narcisismo – e, como o programa, continua no ar porque, apesar de seu índice de rejeição, tem lá seu público.
Seu lugar é no porta-malas
Vamos aos últimos lances dessa partida em que os jogadores já tocam a bola de lado esperando o apito do juiz:
Ângela – Poderia ser a campeã com sua estratégia de forçar confrontos na casa e depois se fazer de vítima deles – se não tivesse topado com um sujeito ainda mais beiçudo do que ela: Marcelo. Ela fica tão perdida que se achou na obrigação de pedir desculpas pro cara por ter sido assediada quando estava bêbada e desacordada e por não(!) ter votado nele em um paredão.
Clara e Vanessa – A Hidra de Lesbos continua pensando, ou algo assim, em bloco. Fazem pouco mais do que defender uma à outra no jogo – só que agora o edredon está ficando curto.
Marcelo – Chamar o sujeito de manipulador seria superestimar sua inteligência – ele é daquele jeito e o público gostou, fazer o que. Mas o cara podia ser esse mesmo babaca total sem o discursinho de que é um cara do bem.
Slim e Tatiele – Eram menos piores do que os que ficaram na casa, é claro que iam rodar. Sem drama não há segundo ato, quanto mais o terceiro.