Desde que comecei a cobrir o Big Brother aprendi a conviver com as diferentes vertentes de passantes (chamar de leitores seria superestimar o grau de atenção que eles dedicam ao que escrevo) que se manifestam nas caixas de comentários. Acho interessante deixar de lado um pouco a rotina da casa para discorrer sobre essas fascinantes criaturas, empenhadas em salvar o Brasil das trevas da TV aberta, acusar a TV Globo de manipular resultados e, uma vez na vida e outra na morte, comentar o que efetivamente leram no espaço designado para o texto.

1) Oposição sistemática – Esse tipo de comentarista geralmente aparece quando a coluna ganha destaque na home do UOL, que, apesar de rica em links para editorias e assuntos diversos, parece irritar sujeitos que não admitem que alguns caracteres sejam gastos para anunciar um texto sobre o Big Brother. Então começam os discursos contra o lixo televisivo, a alienação das massas e a destruição da família brasileira. Embora sazonal, essa audiência é mais fiel do que a dos comentaristas que acompanham o programa.

2) O teórico da conspiração – Esse pode ou não ler o texto, mas o que importa mesmo para ele é desmascarar a preferência da Globo por algum participante e as estratégias de manipulação que conduzem aos resultados que interessam a emissora. Isso quando não insinuam que a produção ignora a contagem dos votos e anuncia um nome escolhido por antecedência. É claro que as explicações para o favorecimento de alguns concorrentes sempre passam pelo sofá do Boninho (ou do Bial).

3) O cara focado – É parente do Opositor sistemático, mas sua crítica é em tese mais construtiva, pois ele só quer chamar atenção para os VERDADEIROS PROBLEMAS DO PAÍS – a violência urbana, as crianças famintas, OS MENSALEIROS! Todos esses temas estão sendo negligenciados enquanto vocês aí assistem BBB!!! Que bom que a pátria tenha caras atentos assim, mas nem quero imaginar o que eles fazem pra se divertir.

4) O impermeável – É comum em todas as seções de comentário, não só as dedicadas ao BBB: é aquele analfabeto funcional clássico, que até lê o artigo, mas não entende seu teor e é capaz de contestá-lo mesmo que concorde com tudo – o problema é o camarada perceber.

5) O partidário – Geralmente usa hashtags: #FULANOCAMPEÃO #FULANA_MUSA. Só lê o título do artigo e contesta o autor baseado no que acha que deve estar escrito. Pudera, quem está em campanha não tem tempo para gastar com análises que podem não estar de acordo com suas convicções.

6) O cara que acompanha o programa, lê os textos e comenta de boa. Nunca se manifestou por aqui, mas será bem-vindo.