O Brasil Tá Vendo

O BBB é um festival de dedo no olho

Arnaldo Branco

O Big Brother 14 está parecendo uma tragédia grega ao contrário, com a carnificina final adiantada para o primeiro ato. Uma semana e já saíram quatro:

João, o cartomante conformista que já sabia que ia ser o primeiro eliminado mas não fugiu do seu destino, como Cristo no Monte das Oliveiras;

Alisson, o feioso fracote que se sentia perseguido pelo Povo da academia (parecia que estava falando dos Illuminati);

Rodrigo, o cozinheiro português que, como aquele seu conterrâneo na piada, compareceu à suruba mas não comeu ninguém;

e Princy, aquela que disse que não estava no programa para fazer amigos – saindo cedo assim, presumo que se inscreveu para poder usar a piscina.

princy

Eu nem queria mesmo

Enfim, os caras ficaram tão pouco tempo na casa que acho que o Bial nem reconhece na rua. Mas esse ritmo frenético pelo menos estimulou um bom número de puxadas de tapete, dedos no olho e chutes no saco para entendermos melhor o que acontece no jogo. Algumas impressões:

– Muito chato ver os eventuais ocupantes da Sibéria chorando porque são obrigados a racionar pão por uns três dias. Saudades do No limite com suas porções generosas de olho de bode pra galera.

– Cássio: com suas crises de choro por não ter um corpo definido e suas tentativas desajeitadas de abordagem grosseira (lembrei do personagem do Chico Anysio, Haroldo o hétero), esse gaúcho é uma piada de gaúcho ambulante.

– Não consigo escrever o nome da Tatiele sem o corretor ortográfico apresentar várias alternativas (bem mais razoáveis, aliás). Ela e Franciele deviam fazer uma dupla sertaneja para aproveitar a rima nominal e o coincidente mau gosto de seus pais.

– Não sei se Diego faz parte de uma campanha de demonização do cigarro ou uma para justificar o índice de rejeição dos cariocas no resto do país, mas em caso positivo está fazendo um ótimo trabalho. Ele pelo menos serve para denunciar o que minha intuição já me fez chutar antes: essa Bella é vaselina pra cacete.

– Uma pergunta honesta: é proibido convocar participantes gays estilo marombeiro? Porque sempre chamam essas bichas genéricas afetadas de meia idade que sempre abandonam as provas de resistência se abanando. Deve uma forma deliberada de reforçar estereótipos ou medo sincero de que um gay gostosão vire a cabeça dos marombeiros – por assim dizer – héteros.

– Substituíram o personagem do gato idiota que dança nas festas por um personagem rejeitado dos Muppets que dança nas festas.

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Foragido do Banana Split

– Estou sentindo falta das charges do Mauricio Ricardo. ''Sentindo falta'' não no sentido de estar lamentando, veja bem.

– Letícia fingindo que um dia, em um futuro próximo, talvez, quem sabe, vai dar condições pra qualquer um dos deslumbrados que se aproximam dela querendo sorvê-la como a reluzente azeitona de um martíni, vai longe no jogo. Está sendo uma estratégia melhor do que formar casal – pelo menos em comparação com esses pombinhos relutantes desta edição.

– Clara prova que o exibicionismo puro e simples pode passar por personalidade no BBB. Não estou reclamando!